quarta-feira, 17 de maio de 2017

“Are You Experienced?”: cinquenta anos atrás, Hendrix mudava as regras do rock

Estou na Quinta Avenida.
Mas poderia estar na Vieira Souto.
Ou então no Boulevar des Italiens.
Bem próximo ao Quartier Latin.

Poderia contemplar o Niágara.
Os antílopes da Etiópia.
A verguidão da Torre de Pizza.
Os Rolling Stones em Wembley.

Poderia estar ao mesmo tempo
com Napoleão, Mussolini, Miterrand.
Explodir o tempo e a geografia.

Mas estou no quarto ouvindo Jimi Hendrix.
E sei que isso é tudo
entre mim e o mundo

Skylab, Ouvindo Jimi Hendrix

Poucos artistas podem ter o luxo de serem considerados um marco na história. E neste seleto grupo o lugar de Jimi Hendrix está mais do que assegurado. A história todo mundo conhece, nascido e crescido em Seattle, nos Estados Unidos, Johnny Allen Hendrix teve uma curta passagem pelo exército, como para-quedista, e, depois de tocar em algumas bandas de sua cidade, foi levado para a Inglaterra por Chas Chandler, baixista da banda The Animals. A partir daí, Jimi formou sua banda e simplesmente virou o mundo musical de cabeça para baixo. E para tal, foi necessário apenas um álbum...
Are You Experienced?” é provavelmente o maior álbum de estreia de todos os tempos. Com o mesmo impacto que uma bomba nuclear, o disco fez estrago na mente de todos que ouviram. Primeiro, na Inglaterra, onde só ficou atrás do também revolucionário Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band - embora o estarrecimento daqueles que ouvissem o álbum de Hendrix fosse até maior -, depois, na Europa inteira e, finalmente, em sua terra natal, nos Estados Unidos.
A ascensão estratosférica de Hendrix lhe trouxe dinheiro, fama... e sérios problemas. Assim como seus contemporâneos Brian Jones e Jim Morrison, não soube lhe dar com o sucesso, o que acabou o levando a sua misteriosa e precoce morte, em 18 de setembro de 1970, com apenas 27 anos. Mas, antes disso, ele ainda deixaria mais dois álbuns lançados em vida, os ótimos “Axis: Bold As Love”, no mesmo ano, e “Electric Ladyland”, de 1968. Sem contar os diversos álbuns póstumos.
Se a audição nos dias atuais de “Are You Experienced?” ainda nos traz a sensação de estarmos diante de algo de outro mundo, é assustador tentar imaginar o poder do disco há cinquenta anos. Depois disso, tudo mudou. Ninguém poderia continuar a ser o mesmo depois do aparecimento de Jimi Hendrix. E assim foi.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Até quando?


Quando Eduardo Baptista foi contrato como novo técnico do Palmeiras, para substituir o então recente campeão brasileiro, Cuca, Era claro de que o novo técnico precisaria de tempo para por as suas ideias de futebol – um tanto diferente da forma do ex-treinador – em prática. É óbvio que Eduardo não iria mudar tudo de uma hora pra outra, afinal de contas, o Palmeiras vinha de uma recente conquista importante no ano anterior. Um dos receios por boa parte dos torcedores e até mesmo da imprensa, era de que o novo técnico teria dificuldade para lidar com um elenco com tanto jogadores renomados, fato que poderia ser de extrema importância em sua sobrevivência em meio à pressão que sempre esteve lá, desde o primeiro dia em que o treinador assumiu o cargo. Mas esse não foi o principal motivo para a absurda demissão de Eduardo anunciada nesta noite de quinta-feira...
No campeonato paulista, o Palmeiras teve alguns maus resultados contra times pequenos, venceu dois clássicos (contra santos e São Paulo) e perdeu um (contra o Corinthians), e não conseguiu se classificar para a final, depois de um derrota surpreendente de 3x0 para a Ponte Preta no estádio Moisés Lucarelli. Claro, títulos sempre são bem-vindos, mas... quem se importa? Qual é o tamanho de um campeonato estadual, quando você tem no ano uma libertadores e tantos outros campeonatos mais importantes?
Aliás, na libertadores, apesar da dificuldade demonstrada pela equipe para vencer jogos teoricamente fáceis em casa, a equipe conseguiu alguns bons resultados fora de casa, sendo um deles uma vitória épica, de virada, na casa do Peñarol. A última derrota, para o Jorge Wilstermann, na Bolívia, não irá causar grandes problemas, tendo em vista a classificação já bem encaminhada.
Então... Qual seria o grande motivo para a demissão?
Nas palavras do presidente do Palmeiras, Maurício Galliotti, o desempenho e a falta de evolução da equipe foram os principais pontos que levaram até a demissão de Eduardo Baptista. Estranho...
O que mais me assusta no caso é que, para muitos jornalistas, comentaristas e torcedores, a demissão não tem nada de absurda. Até aí, tudo bem, afinal de contas, cada um pode enxergar de forma diferente e fazer sua própria análise da equipe. Mas, curiosamente, os que agora não parecem fazer muita força para dizer que a demissão do técnico é absurda, devido ao tal desempenho, são os mesmos que disseram que, não importava como jogava, o Palmeiras havia sido campeão brasileiro. São os mesmos que não entendiam as críticas a Marcelo Oliveira, quando o técnico foi campeão da copa do Brasil, mesmo com um desempenho não tão bom.
Tudo isso mostra que boa parte da imprensa e quase todos os clubes brasileiros, dão uma importância desmedida para o currículo dos técnicos no futebol brasileiro. O resto, é conversa... Não foi o desempenho que fez com que Eduardo caísse, mas sim o seu tamanho como treinador, a falta de títulos, apesar dos bons resultados nos últimos anos em equipes menores. Se o desempenho fosse realmente o motivo da demissão, Marcelo Oliveira teria sido demitido no ano que venceu a copa do Brasil, e Cuca também seria discutido, apesar da campanha no campeonato brasileiro.

A questão que fica é: até quando o futebol brasileiro continuará com essa visão imediatista sobre o trabalhos dos técnicos?

Meio século da maior banda brasileira da história

Há cinco décadas, o trio formado por Rita Lee e os irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista, lançavam o primeiro disco de sua carreira. Marcado pe...