Quando o
árbitro apitou o fim do jogo na primeira partida entre PSG e Barcelona, no Parc
des Princess, em Paris, era consensual para todo mundo que, depois do
atropelamento de 4 x 0, seria praticamente impossível uma reviravolta do time
catalão.
O PSG havia
jogado como time grande. Agressivo,
pressionando, agredindo o adversário de forma implacável. Draxler, Di Maria, Cavani, Verrati... Todos
jogadores de altíssimo nível, jogando com incrível intensidade. Na bola – e apenas na bola! – a equipe
francesa parecia já despachar o gigante
Barcelona já na primeira partida.
Mas quem não
acreditaria no super time do Barcelona? Barcelona que tem Neymar, Messi, Súazez
. Jogando no Camp Nou, onde é quase imbatível.
Quem duvidaria?
Eu, você e
praticamente todo mundo. Porque o
Barcelona já não é a equipe da técnica inigualável somada a coletividade,
aquele time quase perfeito que vimos tantas vezes encantar o mundo. O time do
toque de bola com paciência, da saída de bola perfeita, do envolvimento do
adversário que, frente a equipe catalã, via-se sem saída.
Para quem
vem acompanhando o time comandado pelo técnico Luis Henrique, é óbvio que se
havia alguma chance de uma virada, ela estava no trio ofensivo. O trio que na
primeira partida fora quase apático. A parte Neymar. O craque brasileiro
parecia o único ligado no jogo, tentando jogadas às vezes sozinho, embora sem
muito sucesso.
E mesmo os
torcedores mais otimistas do Barça sabiam que, se já era difícil imaginar que o
time devolveria os 4 gols a zero, era
talvez ainda mais difícil pensar que o resultado se daria sem ao menos um gol
do PSG, o que obrigaria o time espanhol a ter de marcar 6.
Mas quando
arbitro Deniz Aytekin (não esqueçamos o nome dele) deu o apito inicial no Camp
Nou, com poucos minutos, algo parecia mudado em relação àquele jogo que vimos
em Paris. Não tanto pelo lado do Barcelona, mas principalmente pelo lado
francês. Logo aos dois minutos, um gol estranho, numa bobeada da defesa, o
Barcelona abria o placar com Luís Súarez. Ótimo para o Barça. Nada melhor que
um gol no início para uma equipe que precisa reverter tamanha vantagem. Mas o
jogo que fazia o Barcelona dava a impressão de que não seria possível . Até que
mais um vez, em mais um erro da defesa –
com destaque para o zagueiro titular da seleção brasileira, Marquinhos – o
Barcelona recebia mais um presente do PSG nos instantes finais do primeiro
tempo. O Barcelona fechava a primeira etapa com dois a zero, mesmo não jogando
para tal.
O inicio do
segundo tempo, um fator que seria imprescindível para o resultado final,
entrara no jogo. Deniz Aytekin, o arbitro do jogo. Ficou claro para todo mundo
que Neymar havia buscado o contado com Meunier, e, apenas por isso, caira na
área. Mas o juiz enxergou pênalti. Pênalti que Messi convertera, batendo forte,
sem chance para o goleiro Trapp.
A partir
daí, tudo parecia ter virado contra o PSG. Fora a partida apática, medrosa,
agora a vantagem já não parecia tão grande. Com o Barcelona com um a mais em
campo - Deniz Aytekin, o juiz - a impressão era de que, se não reagisse logo, a
equipe francesa iria sofrer no Camp Nou.
Mas com a
entrada de Di Maria, o PSG parecia de novo poder mostrar todo o seu potencial
ofensivo, como na primeira partida do duelo. Poucos minutos depois, Cavani
marcaria o gol que mataria o Barcelona, agora, precisando fazer seis gols.
O que
poderia fazer o Barcelona conseguir tal façanha? Messi, Neymar, Súarez? Mesmo
sabendo da força do ataque sul-americano, era de se duvidar...
Dos três,
Neymar era disparado o melhor no jogo. Como na primeira partida, driblava,
chamava o jogo, arriscava. E, já aos 43 min do segundo, bateu falta com
maestria. Um golaço. Mas que não parecia ter tanta utilidade, afinal de contas,
faltavam mais dois gols, com o jogo se aproximando já do seu final.
Mas Deniz
apareceria mais uma vez. E, agora, com mais brilhantismo ainda. Se já parecia
impossível pensar que havia tido alguma falta em Neymar no primeiro Pênalti,
agora tudo iria para o espaço...
Veja quantas
vezes quiser o lance. Veja, reveja, em câmera lenta. Agora me responda: Onde,
em que momento da disputa de bola entre Marquinhos e Súarez, Há falta? O braço
de Marquinhos em Súarez? Sem chance, contato normal e nem de perto o suficiente
para derrubar o Uruguaio. Mas o craque do jogo enxergou pênalti na jogada.
Neymar, e não Messi, bateu com confiança
e marcou. O impossível tornava-se possível. Havia tempo para o sexto gol.
Foi aí que
Neymar tirou uma carta da manga. Em uma jogada que noventa e nove por cento dos
jogadores do mundo tentaria arriscar um chute ou um cruzamento a esmo para o meio da área,
Neymar ameaçou, driblou, e numa cavada genial, achou Sergi Roberto livre na
área para marcar o sexto gol. Lindo!
Incrível! Mas principalmente constrangedor...
Confesso que
antes do jogo começar, torcia pela virada , mesmo sabendo da improbabilidade
disso acontecer. Mas da forma que foi, o único sentimento que ficou foi o de
constrangimento. Foi uma vergonha o que
vimos na partida.
Após o fim
do jogo, os comentários em sua maioria eram: “um time que leva seis gols não
pode reclamar de arbitragem”. A amarelada do PSG foi indiscutível, jogou como
time pequeno. Sim, é a mais pura verdade. O PSG foi muito mal. Mas não tão
diferente do que fizera o Barcelona semanas atrás. Todo grande time tem o
direito de jogar mal às vezes. Nenhum time é perfeito. Mas o que não podemos é
justificar com isso os “erros” grotescos e tão influentes na partida como vimos
neste Barcelona e PSG.